No início de tudo eu observei o meu poder, a minha própria imensidão e o infinito, e não encontrei nada igual a mim. Observei os meus olhos e entendi que posso enxergar. Então fechei os olhos e descobri que ainda sim conseguiria perceber.
Então eu ouvi, de olhos fechados. Desfrutei do silêncio admirando minha própria capacidade de escutar.
“Tem alguma coisa ardendo”, eu disse. É meu coração. Ele arde… E foi assim que inventei o fogo. Imaginei a glória das chamas derretendo as mais fortes substâncias… E foi assim que inventei o aço.
Entendi que havia alguma coisa fora do meu próprio corpo. Algo que iria além das fronteiras do meu toque: o meu Espírito. E com Ele eu iria até onde eu quisesse e saberia tudo de tudo.
Olho bem para o meu tamanho e vejo o quanto Eu sou Grandioso. Percebo que meus pés e pernas são enormes e foi assim que inventei as árvores. E muitas outras coisas que inventei tirei de mim mesmo e por isso que costumo dizer que fiz tudo “à minha imagem e semelhança”.
Eu me admirei e percebi que eu precisava de um nome. A majestade era tanta que só consegui pensar em: “Eu Sou”. Jamais haveria nome mais magnífico.
A própria grandiosidade era pequena perto de Mim. Senti que a glória da minha existência era a definição da própria glória, então eu inventei a glória, assim poderia explicar o que Eu mesmo Sou: glória.
E da minha presença inventei o Temor. Um medo terrível maior que a morte (outra das minhas invenções). A morte é justamente isso: a inexistência; o desconhecimento de Mim. O vazio. Mas Eu mesmo não Sou o vazio. Eu sou o Princípio e o Fim. O Alfa e Ômega. Sou o Tudo e o Nada.
Então… Quem Sou Eu? Eu sou… O ‘Eu Sou’. Um Deus. O Deus.
Concluí que seria egoísmo não haver mais nada que Me admirasse. E foi assim que inventei o egoísmo: o prazer conservado em si mesmo e não compartilhado.
Criei um lugar que chamei de “superfície”, onde ficariam aqueles que poderia ficar em êxtase com minha presença. Inventei tudo: o céu… a terra… anjos… filhos… filhas… mãe para meus filhos….
Eu criei tudo isso. E de tanto falar e fazer me cansei. E a isto chamei de
“Descanso do Senhor”.
Contemplo agora o infinito e a glória da minha própria existência. E é por isso que sou feliz independente das escolhas das minhas criaturas…
Porque Eu Sou tão glorioso que a minha presença diante de mim me basta. Embora confesse que a tristeza me assole quando vejo meus pequenos brinquedos escolhendo a glória transitória do pecado. E foi assim que inventei a tristeza.
E quando concluo qualquer obra, pequena ou grande, inventei um chavão, que também é um tributo à própria glória encerrada em mim mesmo:
“Amém.”