Eu amava o meu trabalho e provavelmente ainda goste muito dele. Então, no afã de cumprir as metas que eu mesmo havia delimitado para mim, ficava horas na frente do computador. Sempre queria mais e mais, cada vez novos objetivos, nunca ficando satisfeito. Algo insaciável.

Devagar, comecei a perceber que trabalhava tanto que por vezes perdia momentos deliciosos da vida como o jogo de futebol do meu time e tempo com minha família.  Por trabalhar em casa, acabava sendo retirado do meu santo computador, vez por outra, para cuidar de algum problema dos filhos ou outra coisa inesperada. Estes fatos me irritavam porque quando eu voltava ao trabalho significava que eu teria que ficar madrugada adentro diante do santo computador.

Percebi também coisas estranhas no serviço. Era como se ele lutasse contra mim. Tarefas que eu já havia executado apareciam novamente. Alguma coisa me forçava a ficar sempre na frente da máquina, produzindo pouco, nem sempre ganhando o que eu merecia segundo minha especialização.

Um dia, de tanto me matar e ficar angustiado por não ver os resultados que planejei, fiquei doente. Estresse profundo.

Deus sempre nos dá recados. O difícil é ficar calmo para entender.

Aos poucos melhorei de saúde, pedi demissão, montei minha própria empresa e consegui vários serviços.

Até que um dia, numa madrugada terrível, um problema aconteceu em um grande sistema.  Ficou em cheque minha competência profissional, minha capacidade. Lembro que naquele momento não era dinheiro o problema, mas minha profissão. Aquilo estava além da minha capacidade.  Mas Deus se levantou e fez um milagre e a solução cresceu diante de mim. Sozinha.  Eu sei que aquilo foi um milagre.  Certamente meu cansaço era extremo, a madrugada havia me vencido, o telefone não parava de tocar e as horas pareciam dias de terror.  Era impossível resolver o problema.  Jamais havia passado por aquilo. Deus me deu um livramento, sei disso muito bem.

Naquele dia escrevi no meu blog, ainda cansado, sobre o milagre que Jesus Cristo havia me feito.  Naquela mesma noite o meu Deus me permitiu descanso e alegria.

Contudo fiquei com uma escara na minha alma e eu conversei com Deus.  Imaginei o quanto seria bom se eu tivesse tempo para pregar a palavra de Cristo ao invés de perder horas diante de um computador.  Não há nada de sagrado no trabalho. Ele estará sempre no mesmo lugar e a recompensa financeira não vem do nosso esforço. Tudo vem da vontade do Senhor.

Porque pregar a palavra não traz angústia, não há quem lhe pressione em troca de dinheiro.  O patrão é Jesus Cristo, o melhor entre os empregadores.

Hoje, quase seis meses depois daquele pedido que fiz a Deus de trabalhar menos, experimento um momento de paz. Estou escrevendo a Deus agradecendo a glória prometida do descanso. Escrevo com liberdade louvando ao Senhor, sem que meu telefone toque horrivelmente; gente querendo coisas e coisas, movidas muitas vezes pela vaidade, muito mais do que a necessidade.

Nesta mesma tarde  percebi que fiz outro pedido a Deus: ser perfeitamente fluente em outro idioma.  Fiquei imaginando como conseguir o que queria e de repente vi uma mensagem em um carro na rua: “para ter vitória você precisa dar glória”.

Compreendo que para conseguir o que quero preciso dar glória ao Pai em primeiro lugar.

É o que estou tentando fazer.

Amém.